Recebi a seguinte pergunta no meu Instagram:
“Trabalhei como babá, como usar isso nos processos de estágio?”
Tudo, absolutamente tudo pode conter ouro para você usar no processo seletivo.
“Caio, mas cuidar de criança importa para as empresas?” – não, minha filha. O que importa é o COMO você executou essa tarefa e o PORQUÊ resolveu atuar nela. Vamos entrar nisso de cabeça e ver alguns outros trabalhos informais (ou que parecem informais).
Babá
“Trabalhar como babá e ser bem-sucedida nisso requer uma coisa simples: Foco no cliente. Claro que estou falando dos pais, que são os clientes mais duros que alguém pode enfrentar, visto que seu serviço impacta em algo crítico na vida deles. Saber escutar o cliente e se adaptar a suas demandas foi fundamental para o 100% de feedbacks positivos que recebi nessa jornada.”
Que tal? Foco no cliente, escuta ativa e adaptação.
Monitoria EAD
“Ser um monitor com a faculdade em EAD pela primeira vez foi um belo desafio. A parte mais importante para o sucesso foi minha capacidade de inovar. Ajudar os alunos com suas dificuldades foi muito facilitado pela minha “sala de plantão online” que criei. Todos alunos da matéria sabiam que eu estaria no Zoom, das 9h às 12h, todos os dias, e era só conectar que eu os auxiliava. Deu tão certo que outros monitores seguirem meu modelo.”
Inovação e criatividade na monitoria? Por que não?
Vender Doces/Salgados
“Com tudo fechado, minha república ficou em apuros financeiros, e resolvemos começar a vender salgados online. Quando a ideia surgiu, eu já sabia exatamente onde iria me dedicar: processos. Meu lado metódico e focado em qualidade foi um dos principais feedbacks que recebemos dos clientes, que sabiam exatamente que todos os salgados chegariam exatamente como o esperado, graças aos meus processos e “linha de produção” na cozinha de república.”
Disciplina operacional e metódica direto da sua república para uma planta de uma multinacional.
Lojinha de Família
Trabalho a alguns anos na loja dos meus pais. Sempre fui responsável por abastecer as gôndolas e percebi que poderia fazer mais. Comecei a registrar o volume de vendas de cada item da loja, tabelando tudo e percebi que 30% dos produtos tinham praticamente zero saída, enquanto outros esgotavam rapidamente, gerando perda de vendas. Eu montei uma análise e propus uma mudança nos volumes de produtos. Resultado: 10% de aumento nas vendas.”
Capacidade analítica e visão estratégica, e você lá, reclamando que seu pai não te libera.
Diarista
“Trabalhei por 4 anos como diarista. Não seria possível fazer faculdade sem isso, então fui atrás de um ofício que minha mãe me ensinou desde pequeno. Quando eu tenho um objetivo, faço o necessário para atingilo, não importa se isso envolve um trabalho que a maioria dos meus colegas considera “abaixo deles”. Eu estou aqui para chegar aonde quero e farei mais do que qualquer outro para chegar lá. Depois dessa entrevista, por sinal, já vou para mais uma diária.”
Isso se chama brilho nos olhos ou automotivação e entusiasmo.
Videogame
“Liderei um grupo de 50 pessoas em um jogo. A complexidade era notável para motivar todos, já que era apenas um hobbie, mas nossos objetivos exigiam disciplina e compromisso com horários. Isso me levou a entrevistar novos membros, gerir agenda de todos e planejar quem precisaria para cada função. Até construía estratégias detalhadas e compartilhava com todos. Isso manteve essa equipe grande funcionando e entregando resultados por um ano.”
Engraçado? Esse foi EXATAMENTE o exemplo que dei quando entrei na P&G.
O “Como” e o “Porquê“
Eu não estou exagerando.
O ouro está em todos os lugares, se você garimpar, ele vai aparecer. Pare com esse negócio ridículo de “experiências legais”, procure ações que provam competências (os como’s) e as motivações que movem essas ações (os porquê’s).
Dane-se o “o que”.
Vai ter babá atropelando empresário júnior.
Pare de ter vergonha do que você viveu, isso vai tirar de você sua única chance de ganhar nesse jogo de processos de estágio:
A sua história.
